quarta-feira, 11 de novembro de 2009
UNE - UNIÃO NOTÁVEL ESTUDANTIL
Vêm aí os estudantes. Corria o ano da graça de 66, e os etudantes brasileiros já entravam no pau. A invasão da Faculdade de Medicina pela polícia militar foi um desses momentos de repressão que comoveram a todos. Os estudantes foram forçados a sair pelo corredor polonês, apanhando dos dois lados, pelas costas, de cima pra baixo, de baixo pra cima. E não adiantava correr. A repercurssão da violência policial se fez sentir em São Paulo, onde houve passeata de protesto. O movimento estudantil estava se reorganizando muito rapidamente, um pouco também estimulado pela repressão. O instrumento máximo da repressão era a Lei Suplicy de Lacerda, que tinha o mesmo nome do ministro da Educação do período. A Lei Suplicy surgiu como reação ao Congresso da UNE em 65. Seu objetivo era quebrar a espinha dorsal da entidade estudantil e reorganizar a representação estudantil nos conselhos. Uma pequena multidão que corria contra o trânsito, era fruto da luta contra a Lei Suplicy de Lacerda. Eles marcham de cabeça erguida, começam com o "mais verbas menos tanques" mas quase sempre acabam gritando "abaixo a ditadura". Quem eram aqueles garotos que avançavam de jeans, com as camisas por cima das calças, com os olhos atentos às ruas laterais, de onde a qualquer instante poderiam surgir os homens? Talvez um ou outro carregasse consigo as normas de segurança: ir em jejum para evitar complicações em caso de ser ferido à bala no estômago; mastigar aquelas pastilhas de Redoxon para atenuar os efeitos dos gases lacrimogêneos; enrolar um lenço no pescoço para improvisar uma proteção, coisas assim que eram, no fundo, muito menos do que uma real proteção: estavam apenas se amparando para que os golpes doessem menos. Era um momento em que, na realidade, a grande, única e invencível medida de proteção era sair correndo. Em alguns momentos, a corrida terminava dentro da Assembléia, prática esta que mais tarde deveria dar resultado quando estavam todos com o corpo de Edson Luis, ainda quente nas mãos, e alguém perguntou: - pra onde levar esse cadáver?
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Hoje, devemos tudo a esses estudantes, guerreiros que lutaram por eles, por todos e por nós.
ResponderExcluirTu sabe muito hein, escreve muito. Beijos